Treinador do Estrela da Amadora voltou a deixar a sua continuidade nas mãos do presidente que, também presente, comparou a realidade da sua estrutura com a de outros adversários e caraterizou o clube como «cumpridor e sério»
Após a partida que resultou numa derrota, por goleada (4-0), face ao Estoril e, em simultâneo, também na manutenção na Liga, o treinador dos tricolores, José Faria, surgiu na sala de imprensa do Estádio António Coimbra da Mota acompanhado pelo presidente do clube e da SAD dos amadorenses, Paulo Lopo. «Estamos aqui para dar a cara, estou aqui para enfrentar as pessoas», afirmou Faria.
«Não tenho problema nenhum de ir para cima dos jogadores, seja ele quem for, desde o Nani ao Mamede, seja quem for. Não admito que ninguém brinque com o símbolo do Estrela, mas não me venham também pedir para compactuar com esse tipo de comportamentos, porque não vou permitir e não tenho dúvidas nenhumas de que vamos melhorar, com Faria, ou sem Faria», atirou, visivelmente consternado com o momento negativo que passou na Amoreira.
À imagem do que havia sucedido na antevisão ao jogo, na véspera, José Faria manifestou total lealdade a Paulo Lopo, ainda que desmentindo que a sua renovação contratual esteja já rubricada em papel. «O presidente deu uma entrevista esta semana em que disse que eu já tinha assinado, eu não assinei nada ainda. Não assinei, o presidente convidou-me a assinar, falou comigo e a minha confiança com ele não é num papel que mudará nada, porque tenho caráter, sou um homem de caráter», afirmou, com firmeza.
Técnico não confirmou ter prolongado o vínculo com o Estrela mas admitiu ser esse o seu desejo, tal como da administração, dando prioridade à permanência dos tricolores antes de assumir qualquer acordo
José Faria agradeceu a Paulo Lopo pela aposta que em si foi depositada e lembrou que apostou no seu trabalho «quando não era ninguém». Foto: José Faria/Facebook
«Nunca tive a oportunidade de me pronunciar sobre um assunto de que foi vítima e não queria dizê-lo, não era isso e não teve nada a ver, mas não deixei de ter caráter. Agora, se o presidente quiser que eu continue aqui no próximo ano, eu continuo. Se quiser que eu vá embora hoje, vou embora hoje, porque a nossa relação exige que seja assim sempre. Amigos, vamos ser de certeza absoluta a vida toda, porque viemos os dois de baixo e foi-me buscar quando eu não era ninguém», recordou.
Ao lado do seu treinador, Paulo Lopo defendeu o trabalho realizado, comparando a sua realidade com a de outros adversários. «Com o plantel de valor mais baixo, mais barato e menos valioso da Liga, o Estrela conseguiu manter-se, independentemente de outros clubes terem chegado a janeiro e não terem precisado de vender. Pelo contrário: reforçaram-se, nós tivemos de vender porque gostamos de ter contas a tempo e horas», garantiu.
«Como o mister José Faria diz, não temos ordenados em atraso. Mais: nunca tivemos os ordenados em atras, que é diferente. Somos um clube cumpridor e sério, que não aposta só nos jogadores. Já fizemos um milagre, que foi chegar aqui e manter-nos cá, mas não somos santos. Não nos peçam para fazer milagres, uns atrás dos outros», pediu, aludindo a exemplos de outros adversários, como o Casa Pia.
«O Estrela precisou de fazer obras no estádio. Lembre-se de que houve um ano em que jogámos quatro meses fora, mas só jogámos fora nesses quatro meses, porque foi feito um investimento muito grande para que pudéssemos jogar no nosso estádio. Há clubes que ainda hoje não jogam no seu estádio porque ainda não fizeram as referidas obras», lembrou, por fim.
Presidente do Estrela da Amadora apresentou projeto para uma «arena multiusos» com lotação para 12 mil espectadores, no terreno em que se encontra o atual Estádio José Gomes; também um centro de estágio, em princípio fora da cidade, está nos planos dos tricolores