Estoril 4-0 Estrela da Amadora O dia em que humilhação rimou com… salvação (crónica)

Tricolores foram goleados na Amoreira, com quatro golos nos primeiros 23 minutos de jogo; garantiram, ainda assim, a manutenção na Liga mas, face às circunstâncias, nada havia para comemorar

Se pensa que já viu tudo no futebol, desengane-se e bastará atentar ao invulgar momento a que se assistiu na Amoreira, em que a mesma equipa, o Estrela da Amadora, garantiu o seu objetivo de permanência, mas… não celebrou o feito.

E não o fez porque, ao mesmo tempo, era goleado com facilidade pelo Estoril que, sem qualquer pressão – negativa, pelo menos – entrou em jogo com astral e cedo se adiantou no resultado, necessitando de apenas cinco minutos para se colocar na frente, numa jogada bem definida pela direita e com finalização de Yanis Begraoui que, para espanto geral, voltava a marcar logo depois, aos 8’, com a mesma facilidade com que os canarinhos haviam aberto o marcador.

Perante um Estrela atónito com o que lhe estava a acontecer, o Estoril, prático, aproveitou a passividade com que se deparava e aos 20’ foi André Lacximicant quem apareceu aparecer na área – tal como, antes, Begraoui – para assinar o 0-3. Repetia-se o filme verificado na primeira volta, no qual o Estoril também chegou a uma vantagem de três golos no espaço de poucos minutos porém, desta feita, o cenário… piorou. Em estado de graça, Begraoui chegou ao hat-trick com apenas 23 minutos disputados.

17 maio 2025, 19:03

O 'hat trick' relâmpago que deixa o E. Amadora em maus lençóis (vídeo)

Yanis Begraoui está a rubricar uma exibição de sonho

O jogo jogado ficou resolvido logo aí, com o Estoril a colher os frutos da goleada que depressa semeou e o Estrela mentalmente arrasado por uma tarde bastante feliz. Porém, no meio da tragédia chegavam boas notícias e os adeptos estrelistas puderam celebrar por duas vezes: não porque a sua equipa tenha conseguido reagir – apenas rematou de forma enquadrada por uma vez na primeira parte, e sem qualquer perigo – mas por terem conhecimento de que o Moreirense vencia o Aves SAD e o Santa Clara derrotava o Farense.

Desta forma, o Estrela chegava ao intervalo com a sensação agridoce de ter o seu objetivo bem encaminhado, mas quando, em campo, era goleado por 4-0 e não dava mostras de melhorar. Na bancada, os adeptos do Estrela também davam mostras da sua insatisfação e o panorama apenas aligeirou na segunda parte.

Com o triunfo no bolso, o Estoril baixou o ritmo e o Estrela tentou deixar outra imagem, mas apenas conseguiu um período mais ativo, com duas tentativas de Kikas e outra de Rodrigo Pinho, sem sucesso, e até final foi o Estoril a estar próximo de chegar ao 5-0, num remate ao poste de Marqués, sobre os 90’. No final, o Estrela respirou de alívio, numa estranha tarde em que, numa humilhação, obteve a salvação, garantindo a permanência na Liga.

As notas dos jogadores do Estoril:
Kevin Chamorro (6), Kévin Boma (6), Felix Bacher (6), Pedro Amaral (6), Pedro Carvalho (7), Vinícius Zanocelo (6), Jordan Holsgrove (6), Gonçalo Costa (6), João Carvalho (6), André Lacximicant (7), Yanis Begraoui (8), Rafik Guitane (5), Alejandro Marqués (5), Tiago Parente (4), Tiago Brito (4) e Israel Salazar (4)

As notas dos jogadores do Estrela da Amadora:
João Costa (5), Diogo Travassos (4), Renato Pantalon (4), Issiar Dramé (4), Nilton Varela (4), Amine Oudrhiri (3), Léo Cordeiro (4), Leonel Bucca (4), Jovane Cabral (4), Alan Ruiz (4), Kikas (5), Paulo Moreira (4), Fábio Ronaldo (4), Rodrigo Pinho (5), Miguel Lopes (4) e Ferro (4)

As reações dos treinadores

Ian Cathro (Estoril): "É impossível chegar dali [início de época conturbado] para o que fizemos hoje sem muito trabalho e trabalhámos mesmo muito. Eu acho que crescemos imenso e os jogadores também: melhoraram, cresceram. Disse que queremos criar um estilo diferente e acho que mostrámos ao longo da época que é o que queremos e somos capazes de fazer um Estoril diferente".

José Faria (Estrela da Amadora): «O futebol, há uns anos, tirou-me quase tudo aqui nesta sala - uma mensagem completamente ao contrário do que eu queria dizer e quase desisti. Na altura, o meu presidente e amigo Paulo Lopo não me deixou cair e decidiu, após muita insistência, chamar-me para eu abraçar o projeto Estrela. Hoje não foi positivo, foi muito mau e senti-me envergonhado».