FC Porto-Real SC, 4-1 À boleia de Khudyakova, portistas goleiam e ficam com a mão no título (crónica)
Com dois golos da luso-ucraniana, as azuis e brancas venceram confortavelmente a primeira mão do play-off de apuramento de campeão e ficam pertíssimo de se sagrarem campeãs da terceira divisão
Só com vitórias na terceira divisão nacional, o FC Porto goleou o Real SC (4-1) já pode encomendar as faixas de campeão. A segunda mão do play-off será uma mera formalidade – só uma hecatombe sem precedentes impediria a equipa portista de vencer a competição.
O triunfo azul e branco começou a ser construído bem cedo à boleia da goleadora-mor Verónica Khudyakova. A avançada abriu o marcador logos aos três minutos após uma assistência de cabeça de Adriana Semedo (fez uma bela partida).
Esperava-se, de resto, um encontro equilibrado, mas as azuis e brancas tiveram uma entrada forte e apressada com o intuito de construir uma vantagem confortável cedo. No entanto, as lisboetas, ousadas, reagiram ao golpe sofrido e enviaram uma bola à trave por Sandy.
Depois do suspiro de alívio, o FC Porto voltou a controlar a posse de bola e espreitou o segundo golo, mas Gabriela Cutura travou o remate à meia-volta de Verónica Khudyakova (16’). Pouco depois, Inês Pereira obrigou a guarda-redes do Real SC a duas defesas apertadas, uma delas para a trave (20’ e 22’).
Adivinha-se, no fundo, novo golo azul e branco. E nem foi preciso esperar muito para as bancadas do Dragão celebrarem o 2-0. Após canto, Gabriela Cutura falhou a saída à bola e Khudyakova não perdoou, assinando o bis (23’).
O Real SC sentiu de sobremaneira os dois golos sofridos e não conseguiu criar perigo junto da baliza de Tatiana Beleza. O conjunto portista, por seu turno, sentiu o oponente fragilizado e foi implacável: marcou o 3-0 num belo remate de Inês Oliveira (36’).
Com o jogo (e o play-off) praticamente decidido, a segunda parte mostrou uma formação lisboeta com outra disposição. Liberta de amarradas e mais agressiva, o Real SC tentou mostrar o seu valor. Logrou, durante alguns minutos, remeter o FC Porto para o seu meio-campo e acabou por ser recompensado. Numa saída em falso de Tatiana Beleza na sequência de um livre lateral, Maísa Cardoso encurtou diferenças no marcador e fez o 3-1 (51’).
O conforto no marcador permitiu ao FC Porto encarar com serenidade o período de maior dificuldade na partida. Logo de seguida, Cláudia Lima assumiu a batuta e com um passe sensacional, lançou em velocidade Adriana Semedo e esta serviu de bandeja, Cristina Ferreira deu contornos de goleada ao marcador (56’).
O Real SC ficou entregue e podia ter saído do Dragão com um resultado mais pesado não fosse a perdida incrível de Khudyakova (73’).
Há novo jogo a 8 de junho, mas o play-off parece estar decidido.
Melhor em campo: Verónica Khudyakova
A luso-ucraniana foi o grande destaque da formação portista. Com mais de cinquenta golos na presente temporada, Khudyakova precisou de apenas três minutos para quebrar a resistência do Real e mostrou instinto goleador para assinar o bis aos 23'. Exibiu algumas lacunas nas ações fora da área, mas foi decisiva onde se marcam diferenças: na grande área.
Figura do Real SC: Maísa Cardoso
A defesa fez uso da força e do poder físico para se evidenciar embora tenha sentido dificuldades para travar Khudyakova quando esta surgia no seu raio de ação. A jogadora natural de Cabo Verde acumulou cortes importantes e venceu vários duelos. Maísa teve o mérito de marcar, de cabeça, o golo de honra do Real SC no estádio do Dragão.
As reações dos treinadores
Daniel Chaves (FC Porto): «Defrontámos um adversário difícil. Marcámos cedo e depois explorámos os espaços para aumentar a vantagem antes do intervalo. Na segunda parte entrámos a sofrer um golo, mas voltámos a marcar e entrámos quase numa gestão automática do jogo. Foi uma boa vitória.»
Daniel Gomes (Real SC): «Sofremos um golo muito cedo, mas reagimos bem e enviámos uma bola à trave. Estávamos num bom momento, mas o FC Porto marcou e a equipa foi um pouco abaixo. A perder 3-0, mostrámos uma atitude muito boa, marcámos um golo, mas voltámos a sofrer quando estávamos bem.»