Las Vegas vai receber os Jogos do Doping em 2026
O evento que conta com três modalidades - atletismo, natação e halterofilismo - vai oferecer prémios milionários aos atletas que podem usar substâncias proibidas para melhorar o desempenho e bater recordes mundiais, nomeadamente nos 50 m livres e na corrida de 100 metros. O nadador grego Gkolomeev, 5.º em Paris 2024, já terá batido o recorde mundial
Os polémicos Enhanced Games, ou Jogos Aprimorados, vão mesmo avançar e o fundador e presidente Aron D’Souza, um advogado australiano, anunciou que a cidade de Las Vegas vai receber o evento em maio de 2026. A competição incentiva o uso de drogas para melhorar o desempenho dos atletas
Ao contrário dos Jogos Olímpicos, que contam com 32 modalidades, esta versão moderna limitará a sua programação a apenas três: natação, atletismo e halterofilismo.
Nadador grego já testou e bateu recorde mundial
Segundo os Enhanced Games, o nadador grego Kristian Gkolomeev já estabeleceu dois recordes mundiais de 50 m livres recorrendo a substâncias que melhoram o seu desempenho. O olímpico grego terá batido o recorde mundial (20,91 s) do Cesar Cielo (2009) ao nadar em 20,89, usando o fato completo de poliuretano, proibido semanas depois de Cielo estabelecer o recorde mundial. Depois disso, e sob os regulamentos atuais, usando os calções permitidos, também bateu o recorde do americano Caeleb Dressel (21,04s), estabelecido em 2019. Gkolomeev, 31 anos, terminou em 5.º lugar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e, em janeiro, começou a tomar medicamentos para melhorar o desempenho.
«Vivemos num mundo transformado pela ciência, das vacinas à IA», disse D’Souza num comunicado à imprensa. «Mas o desporto parou. Hoje, não estamos atualizar o livro de regras, estamos a reescrevê-lo. E estamos a fazer isso com segurança, ética e ousadia».
O argumento é que o doping melhora o desempenho, quando utilizado de forma responsável, e pode melhorar significativamente os resultados do treino e permitir que os atletas alcancem o seu potencial máximo.
Entre os promotores e financiadores do evento estão, além de D’Souza, Donald Trump Jr, filho do atual presidente dos Estados Unidos. e Peter Thiel, bilionário alemão-americano e cofundador do PayPal.
No halterofilismo foram escolhidas as duas modalidades olímpicas (a prova de arranque, snatch, e a prova de arremesso, clean and jerk), mas é para o atletismo e natação que todos os olhos estão virados.
No atletismo as provas são 100 m, 110 m barreiras e 100 m barreiras, enquanto na natação estarão em ação os 50 e 100 m livres, além dos 100 mariposa. As respetivas federações internacionais já se mostraram completamente contra e ameaçaram banir ou penalizações pesadas aos seus atletas que vão competir em Las Vegas.
A organização diz que os atletas podem competir com ou sem recurso a substâncias e que já recebeu vários pedidos de informação sobre o evento.
Em cima da mesa estão, claro, prémios milionários.
Cada um dos nove eventos terá um prémio monetário de 500.000 dólares, cerca de 440 mil euros, sendo que 220 mil euros serão para o primeiro classificado. Além disso, os Enhanced Games oferecerão cachets de participação e bónus para quem bater recordes. Nada mais, nada menos do que 1 milhão de dólares (878 mil euros) para quem bater as marcas nos 100 m (atletismo) e 50 m livres (natação), o que D’Souza indica serem os «dois testes definitivos da velocidade humana bruta»
A Enhanced Games revelou que realizará alguns testes de doping sob supervisão médica e que apenas substâncias aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos podem ser utilizadas, uma lista muito diferente da que é permitida aos atletas de elite pela Agência Mundial Antidoping (WADA).