Caminhada final

Sentido de Pertença é o espaço de opinião quinzenal de André Coelho Lima, associado do Vitória SC, jurista e empresário

1 Este final de época apresenta-se invulgarmente disputado até final. Com o FC Porto fora da luta pelo título, esta mantém-se apenas entre Benfica e Sporting que, após os resultados desta jornada, vão disputar um confronto capaz de atrair os adeptos do futebol, independentemente do clube por que torçam. Claro que estas raridades são boas para o futebol português, mas não nos afastam da análise fundamental ao nosso campeonato: uma prova sem o menor interesse, que distribui os títulos invariavelmente apenas entre três clubes (não olvidando obviamente as conquistas episódicas, mas significativas, de Belenenses em 1945/46 e de Boavista em 2000/01).

Voltarei a este tema num outro momento, atendendo a que a próxima vez que voltar a estas linhas, já tudo estará definido no campeonato nacional. Na batalha por evitar a descida de divisão, Aves e os históricos Boavista e Farense lutam por um lugar para disputar o play-off de acesso à Liga, sendo que, sem querer desmotivar os ainda primodivisionários recordo que até hoje este play-off foi sempre vencido pelo aspirante à subida e nunca pelo até aí primodivisionário.

2 Também há uma disputa acesa no acesso aos lugares europeus ou, em concreto, ao lugar da Liga Conferência, entre V. Guimarães e Santa Clara. E nessa batalha o meu Vitória tem feito magnificamente o seu papel. Apesar de ter estado quase toda a época fora dos lugares de acesso a uma competição europeia — por várias razões, mas também muito por força da brilhante caminhada europeia que protagonizou e da exiguidade do plantel para disputar as várias competições — desde que o Vitória foi eliminado da Liga Conferência pelo Betis tem recuperado paulatinamente pontos e posições até ter regressado ao 5.º lugar à 29.ª jornada, posição que consolidou nesta jornada, após uma brilhante vitória no difícil terreno do Nacional.

Sobre o jogo, queria dizer que, contrariamente ao que vi escrito, não se tratou de um resultado lisonjeiro para o Vitória. Sem prejuízo da boa réplica do Nacional, as principais oportunidades foram do Vitória e o golo de Jesús Ramírez é assinalado após o Vitória ter desperdiçado duas oportunidades claríssimas de golo, por João Mendes e Toni Borevkovic.

Contrariamente ao que já aqui referi, criticando então uma postura que me pareceu demasiado defensiva no jogo em Guimarães contra o Santa Clara, logo a partir do 1-0, já considero adequada a postura tática com que o Vitória se apresentou no Funchal. Um jogo nem sempre bonito, mas de progressão segura, com iniciativa de jogo e com as principais oportunidades de perigo, só assumindo uma postura mais defensiva mesmo no final da partida, perfeitamente compreensível face ao que estava em causa.

3 Na próxima jornada, em Guimarães, estaremos a disputar o acesso às competições europeias. No jogo contra o Farense a vitória bastará para assegurar o 5.º lugar e a qualificação europeia. Será um jogo difícil porque se joga muito para as duas equipas, mas desafiante porque ambas precisam de vencer. O Vitória luta por conseguir a sua quarta qualificação europeia consecutiva, facto inédito, mas a que voltarei se tal se verificar.

O Vitória luta por se qualificar logo a seguir a uma temporada em que, nos patamares europeus, regressou aos seus velhos pergaminhos, voltou a ser aquele Vitória que se afirmou e deu a conhecer à Europa do futebol.

O que esperamos é que, se se vier a confirmar a qualificação para as competições europeias, o percurso europeu de 2024/25 não tenha sido a exceção mas a regra do nosso futuro próximo.

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