29 maio 2025, 10:29
Eduardo Quaresma abandona sub-21 por «não se sentir em condições para ajudar»
Central do Sporting integrava convocatória para preparação para o Campeonato da Europa
Anísio ou Éder, Duarte Cunha ou Cristiano Ronaldo, Gil Neves ou Ricardo Quaresma. Portugal é uma mistura de talento que merece títulos. Se incomodar os racistas, tanto melhor...
Portugal venceu a França por 3-0 e é campeão da Europa de sub-17, pela terceira vez. O primeiro golo da partida foi marcado por Anísio Cabral, com raízes na Guiné-Bissau; Duarte Cunha e Gil Neves (nascido no Luxemburgo) completaram o feito. Que orgulho nestes meninos!
Calma, o título deste artigo de opinião não é uma comparação entre os sub-17 e a Seleção A, que se prepara para a fase final da Liga das Nações sem provocar grande entusiasmo, fruto de elevadas expectativas que foram sendo goradas nos últimos anos. Quando digo que são estes que me representam, é porque não podemos virar os olhos aos comentários que uma publicação na conta oficial da Federação no X (antigo Twitter, atual lixeira de Musk) gerou. A imagem pretendia provocar emoções: Portugal estava na final do Europeu e apareciam nela quatro jogadores desta seleção de sub-17 a celebrar. Só que, para azar dos utilizadores desta rede social que são racistas (e dos 58% de perfis falsos que comentam a conta oficial do segundo partido mais votado nas legislativas), tratavam-se de portugueses negros. Pode imaginar, caro leitor ou cara leitora, o que se seguiu.
Eu, que já não utilizo o X por razões óbvias, só tive conhecimento do caso através da denúncia de Erick Mendonça, internacional português de futsal. É bom saber que há alguém que não fica calado, a assistir impavidamente à intoxicação do Desporto por parte destes autointitulados portugueses de bem. Haja mais Ericks...
O que vai acontecer aos racistas? Nada. O X provavelmente até os vai favorecer no algoritmo. Mas os nossos rapazes e as nossas raparigas, sub-17 ou outros, não podem sentir que isto é aceitável. Se o racismo tem ganho expressão em Portugal (até por via das urnas), pelo menos que o futebol, que não é alheio a nada disto, sirva para unir e não para propagar ódio. Que o golo de Éder, nascido em Bissau, e com ajuda de Quaresma, de etnia cigana, nos ajude a recordar que Portugal não é este ou aquele, mas sim todos. Em campo, ontem, isso foi evidente. Por isso, e não só claro, parabéns aos sub-17 por esta caminhada. Sinto-me muito bem representada!
Já que falamos de seleções jovens, foi ainda notícia nos últimos dias o abandono de Eduardo Quaresma dos sub-21. O jogador do Sporting confessou-se esgotado física e emocionalmente depois de uma época tão desgastante. Quaresma já joga como gente grande, mas ter a noção de que às vezes é preciso parar não é para todos. A saúde mental é uma conversa que ainda precisamos de ter no futebol português.
29 maio 2025, 10:29
Central do Sporting integrava convocatória para preparação para o Campeonato da Europa