17 junho 2025, 14:47
«O meu objetivo é que não haja mais Mundiais de Clubes»
Presidente da LaLiga, Javier Tebas, crítico da competição
Verde à Vista é o espaço de opinião semanal de Carmen Garcia, enfermeira, sportinguista e autora do blogue 'Mãe Imperfeita'
Não sei se fui a única a quem isto aconteceu, mas na semana que passou, de repente, senti estar algures entre a última semana de Julho e a primeira de Agosto. E não, o calor de ananases não foi o único culpado pela sensação de salto no tempo. Aliás, o principal culpado foi, fiquem sabendo, o Mundial de Clubes da FIFA. E antes de explicar as razões, deixem-me já informar-vos de que podem poupar o argumento «isso é ressabiamento porque o Sporting não está lá».
Assumo, desde já, que há uma parte de mim que ficou ressentida com a nossa ausência. Acontece que, depois, essa parte lembrou-se que os campeões espanhol, inglês e italiano também não estão lá e, por isso, entrou rapidamente em autorregeneração. E sim, eu sei que há critérios e que não nos enquadrámos neles, mas, ainda assim, este Mundial de Clubes não deixa de me parecer uma boa forma de encher chouriços. E quanto mais jogos vejo, mais reforço esta perceção. Especialmente no que toca às equipas europeias, não consigo livrar-me da sensação de que estão todas a jogar a meio gás, mais com a cabeça nas férias que não vão ter do que propriamente no prémio destinado ao vencedor da competição.
Há dias ouvi as declarações do presidente da La Liga que dizia taxativamente que tinha como objetivo que não existissem mais edições desta competição que, segundo ele, devia ser anulada por falta de espaço no calendário desportivo — note-se que Real e Atlético Madrid solicitaram iniciar mais tarde a liga espanhola exactamente devido à participação no torneio que termina a 13 de Julho. E eu concordo inteiramente com aquilo que foi dito por Javier Tebas. Especialmente porque, no que toca aos clubes europeus, como bem sinalizado por Pep Guardiola, este Mundial encurta o tempo de preparação e descanso cruciais para a época que aí vem. E obviamente este encurtamento trará impactos a nível de lesões, instabilidade de plantéis e no desempenho inicial das equipas.
17 junho 2025, 14:47
Presidente da LaLiga, Javier Tebas, crítico da competição
Mas só para deixar claro, a minha sensação de estar algures no final de Julho relaciona-se com a aura de Torneio do Guadiana que sinto nesta competição. Apesar de todo aquele espectáculo tipicamente americano (potenciado por decisões como a entrada dos jogadores em campo um de cada vez) e do valor do prémio para o vencedor, os jogos tresandam a jogos de preparação.
É certo que nem tudo é mau. A possibilidade de vermos equipas de diferentes continentes a defrontarem-se de igual para igual — algumas delas com pouca visibilidade futebolística —, não deixa de ser um ponto positivo.
E os jogos com equipas da América do Sul, por exemplo, têm sido uma verdadeira loucura em termos de ambiente. Ainda assim, lamento dizê-lo, insuficiente para compensar a baixa adesão do público em geral — vale a pena recordar que no encontro entre os Mamelodi Sundowns e o Ulsan Hyundai FC estiveram presentes apenas 3.412 pessoas.
18 junho 2025, 14:29
Momento aconteceu no Ulsan-Mamelodi Sundowns
E pronto, agora que deixei clara a minha opinião sobre o Mundial de Clubes, devia só acrescentar que, para todos os efeitos, acusações de ressabiamento à parte, é ótimo que o Sporting lá não esteja. Do ponto de vista racional, aliás, é bastante positivo que tenhamos mais tempo do que FC Porto e Benfica para preparar a próxima temporada e que o façamos com jogadores menos desgastados.
E já que falo sobre racionalidade, deixem-me mudar de tema e escrever-vos sobre o exemplo vivo de que esta fica demasiadas vezes para trás no que às paixões futebolísticas diz respeito. Sim, é agora que vou falar de Morata.
Pois é, Morata é uma espécie de fenómeno que serve perfeitamente para ilustrar a irracionalidade dos adeptos de futebol. Sendo capitão da selecção espanhola e o terceiro melhor marcador de sempre da La Roja (a seguir a David Villa e Raúl), é vítima de um ódio sem precedentes entre os adeptos espanhóis que insistem em lembrar-se mais dos falhanços do jogador do que das suas conquistas. É claro que este ódio tem uma causa e sabemos bem que os adeptos do Real Madrid, onde jogou, não lhe perdoam as demonstrações de amor ao Atlético. Mas nem a inconstância de Morata nem as suas mudanças constantes de clube justificariam a pressão e o ódio que tem recibo em contextos mais racionais e, por isso, diferentes do futebol.
Reparem, eu enfio a camisola dos que, por vezes, perdem algum discernimento clubisticamente falando. Já perdoei um ex-namorado que me traiu e segui contente com a minha vida, mas fui incapaz de perdoar Simão Sabrosa e ainda hoje sinto um aperto no estômago quando escrevo o nome dele. Ainda assim, a irracionalidade tem forçosamente de travar quando bate na linha do ódio gratuito. E com Morata nada disto tem acontecido. Mesmo depois de o jogador vir assumir os seus problemas de depressão e ansiedade, a afición espanhola continuou a carregar e a pressão sobre o capitão da selecção atingiu níveis de brutalidade.
A mulher de Morata tem mostrado muitas das mensagens ameaçadoras que o jogador recebe e que, demasiadas vezes, se estendem à própria família. Mensagens e ameaças que nenhuma irracionalidade clubística e nenhuma paixão ao futebol podem desculpar e que já levaram o jogador a declarar publicamente que «pensei em deixar a seleção por causa dos adeptos». Mas acham que os adeptos fizeram um mea culpa perante este desabafo?
Pois enganam-se. O que aconteceu foi exactamente o oposto: os adeptos passaram a acusá-lo de ter pouca raça e de ser mentalmente fraco. Sabem o penálti que Morata falhou frente a Portugal na final da Liga das Nações? Nenhum de nós consegue imaginar o peso que tinha nos ombros quando chutou aquela bola. Porque Morata não carrega só o peso da braçadeira de capitão. Carrega o peso do ódio inexplicável, irracional e absolutamente castrador que, demasiadas vezes, toma conta do futebol e dos seus adeptos.
Sentir que um jogador nos parte o coração? Certo. Sentir que fomos traídos? Faz parte. Agora transformar tudo isso em ódio, ameaças e perseguição? Isso já não é irracionalidade futebolística. É doença. E isto aplica-se não só aos comportamentos de adeptos perante jogadores, mas também perante treinadores, dirigentes de clubes e árbitros.
Uma pontinha de irracionalidade faz, efectivamente, parte desta coisa de sentir um clube debaixo da pele. A irracionalidade cega que conduz à violência? Tem de ser eliminada mais depressa do que o Mundial de Clubes da FIFA.
Fernando Pimenta, canoísta de Ponte de Lima, conseguiu, aos 35 anos, mais dois títulos de campeão europeu, nos Europeus de Canoagem de Velocidade, disputados na República Checa. Com dois ouros, em K1 1000 e K1 5000, Fernando Pimenta volta a mostrar-nos a sua capacidade de luta. Oxalá ainda possamos vê-lo em Los Angeles 2028.
22 junho 2025, 15:42
Canoísta português foi o mais rápido na distância mais longa dos Europeus de canoagem de velocidade de 2025, que decorrem em Racice, na República Checa.
Gianni Infantino, presidente da FIFA, tem demonstrado com este Mundial que coloca os interesses políticos acima dos interesses do futebol. A relação demasiado próxima entre o presidente da FIFA e a administração Trump tem sido, aliás, bastante visível durante as últimas semanas. Mais visível do que essa excessiva proximidade, só mesmo o constrangimento da delegação da Juventus durante a receção na Sala Oval, onde Trump, inconveniente como de costume, conseguiu deixar embaraçados todos os intervenientes.