Luis Enrique lançado ao ar pelos jogadores após a conquista do campeonato francês
Luis Enrique já levou o PSG ao título francês e agora quer a Champions (Foto Yoan Valat/EPA)

Luis Enrique, Yamal e o espetáculo da Champions

OPINIÃO11.05.202510:20

Mercado de Valores é o espaço de opinião semanal de Diogo Luís, antigo futebolista e atual economista e comentador desportivo

Nas últimas duas semanas tivemos a oportunidade de assistir a quatro grandes jogos de futebol. Existe uma realidade que devemos destacar: ano após ano a UEFA Champions League tem conseguido produzir excelentes espetáculos. Um ponto que destaco é que independentemente de os espetáculos serem muito bons existe sempre espaço para melhorar.

A UEFA teve isso em conta e mudou o formato da competição este ano. Como resultado tivemos mais jogos, maior competitividade e maior imprevisibilidade. Se é verdade que a sombra da Superliga Europeia obriga a mudar e inovar na procura de mais receitas, também não deixa de ser verdade que é preciso visão e ousadia para implementar mudanças num formato vencedor.

Honra aos vencidos

Há várias formas de abordar um jogo e de o perder. Barcelona e Arsenal perderam, mas podiam ter vencido as suas eliminatórias. Este é o melhor elogio que lhes posso fazer. Começo pelo Barcelona que só por uns pequenos segundos não está na final. Hans Flick chegou e dinamizou o jogo dos blaugrana. Futebol ofensivo sem receio de se expor. Aposta em jogadores com qualidade, sejam eles muito jovens ou muito experientes. Onde joga o Barcelona há espetáculo. Ao longo do ano conseguiu ainda acrescentar um ingrediente especial, o da crença até ao último minuto.

É verdade que foi eliminado em Milão pelo Inter, mas também é verdade que estava a perder 0-2 ao intervalo num estádio onde o ambiente é incrível e onde os adeptos se fazem sentir. A personalidade demonstrada pelo Barcelona na segunda parte foi fantástica. Conseguir dar a volta a um resultado negativo de dois golos a jogar bom futebol, não é para todos. O Barcelona não passou a eliminatória, mas deixou a sua marca e promoveu a paixão pelo jogo.

O outro semifinalista eliminado foi o Arsenal. Não sendo tão brilhante como o Barcelona, a realidade é que tentou impor o seu jogo. Teve pela frente uma equipa que finalmente joga de uma forma coletiva e, no final, teve no guarda-redes adversário uma muralha muito difícil de ultrapassar.

Diferentes formas de vencer

Como há várias formas de perder um jogo, também existem vários caminhos que podem levar às vitórias. PSG e Inter de Milão são o melhor exemplo do que acabei de mencionar. Reconheço que gosto muito da forma de jogar do PSG. Controla a bola, é uma equipa agressiva nos duelos, tem a capacidade de explorar a profundidade com uma qualidade incrível e sabe jogar em ataque organizado. A todos estes ingredientes, este ano, consegue juntar a capacidade de se organizar defensivamente e de saber sofrer nos momentos certos.

Gosto ainda mais de ver jogar o PSG porque tem quatro portugueses em campo, três deles com um destaque enorme na equipa francesa. Quando se vê um jogo do PSG todos percebem quem manda na bola e no jogo. Já o Inter tem uma abordagem diferente. Ser diferente não significa pior, pelo contrário. A forma como Inzaghi monta e prepara a equipa deve ser muito valorizada.

Em primeiro lugar, porque conhece os jogadores que tem à disposição e encontra uma forma de jogar que os consegue potenciar. Em segundo, porque percebe e analisa os adversários que tem pela frente. Em terceiro, porque apesar de não ser uma equipa dominadora, é uma equipa que tem sempre os olhos na baliza adversária e que sabe como pode lá chegar e criar situações de finalização.

Frente ao Barcelona, o Inter fez um jogo incrível. Esteve por cima, esteve por baixo e soube-se levantar novamente. Utilizou uma das suas armas que é a fisicalidade do seu jogo. Procurou e soube explorar os pontos fracos do Barcelona. No final foi feliz, mas foi feliz com muito mérito e capacidade.

Donnarumma e Sommer

As grandes equipas têm de ter grandes guarda-redes. Nos jogos das meias-finais tivemos a oportunidade de confirmar isto. Tanto Donnarumma, que está num nível incrível, como Sommer, foram fundamentais para as suas equipas poderem continuar em prova e chegar à tão desejada final.

Os dois tiveram intervenções incríveis em momentos determinantes. Estes dois grandes guarda-redes demonstraram-nos que a beleza do futebol não está só num grande golo ou numa grande jogada. Algumas das defesas que estes dois jogadores fizeram, representaram momentos incríveis e fantásticos que ficarão na retina de quem gosta de futebol.

Luis Enrique

No meu caso é impossível não ter uma empatia enorme por Luis Enrique. Não o conheço pessoalmente, mas admiro-o. Para mim, o treinador espanhol representa aquilo que deveriam ser os valores do futebol. É independente, pensa pela própria cabeça, prefere perder pelas suas ideias do que pelas ideias dos outros, não cede a pressões, tem personalidade e assume a responsabilidade dos seus atos. Consegue ainda criar uma forma de jogar atrativa, que valoriza e diverte os seus jogadores. Promove o compromisso entre todos e fomenta o espírito de equipa.

A juntar a tudo isto tem o seu percurso de vida e a forma como olha de uma forma positiva e aberta para um acontecimento pessoal traumático que teve de enfrentar. Por tudo isto, Luis Enrique pode não vencer a UEFA Champions League deste ano, mas para mim será sempre um vencedor.

Lamine Yamal

Para o fim guardo algumas palavras para um génio que apareceu no futebol. Yamal não corre, ele desliza dentro do relvado. É impressionante a sua capacidade em driblar e retirar adversários do caminho. É também impressionante a sua tomada de decisão.

Por fim, é ainda impressionante a personalidade que demonstra com 17 anos. Olhando para os grandes clubes, não vejo um jogador tão determinante e influente como ele. Será que não é já o melhor jogador do mundo?

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