E se Rui Borges se chamasse José Mourinho?

Se Frederico Varandas tivesse substituído João Pereira por Mourinho e este tivesse sido campeão com o melhor ataque e a melhor defesa, garantindo 13 vitórias e 6 empates nos 19 jogos de Liga, que estaríamos todos a dizer?

A maioria dos campeões nacionais não termina a época com a melhor defesa e o melhor ataque. Ou tem a melhor defesa ou o melhor ataque. Aliás, há um número redondinho para apresentar: só 31 dos 91 campeões o conseguiram. Um em cada três. Quinze equipas do FC Porto alcançaram esta espécie de triplete: campeão nacional, melhor ataque e melhor defesa. Doze equipas do Benfica também. Mas apenas quatro do Sporting. Nem a desproporcionalidade de títulos entre SLB, FCP e SCP justifica esta diferença. Nos títulos de 1962, 1966, 1970, 1974, 1980, 1982, 2000, 2002, 2021 e 2024, o Sporting alcançou, no máximo, duas das três hipóteses: campeão, melhor defesa ou melhor ataque. Ok, em 1973/1974, os 96 golos marcados deram para ter o melhor ataque e os 21 golos sofridos deram para ter a melhor defesa, mas, neste último caso, a par do V. Setúbal.

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O que o Sporting conseguiu esta temporada só por três vezes o conseguira. 1950/1951, 1952/1953 e 1957/1958: campeão, melhor defesa e melhor ataque sem ninguém ao lado, como V. Setúbal em 1973/1974. O Sporting não foi um campeão esfuziante, como fora em 2023/2024, 1969/1970, 1953/1954 ou 1950/1951, quando chegou ao final da prova com grande avanço. Título merecido, claro que sim, mas sem especial brilhantismo. A não ser o brilhantismo inegável de ter resistido ao trauma da saída de Ruben Amorim e das inúmeras longas lesões ao longo de muitos meses, como as de Nuno Santos, Daniel Bragança, Pedro Gonçalves, Gonçalo Inácio, Eduardo Quaresma, Diomande, St. Juste, Hjulmand, Morita, João Simões, Catamo ou Gyokeres. Aqui, por aquilo que observa quem está de fora, o mérito é a cem por cento de Rui Borges. Que foi reconstruindo, com paciência de Jó, jornada após jornada, onzes iniciais atrás de onzes iniciais, num plantel enlutado pela saída de um dos mais marcantes treinadores da história do Sporting. Se realizar 19 jogos, ganhar 13, empatar 6 (quatro deles com FCP, SLB e SCB) e perder zero não é suficiente para ser atribuído enorme percentagem de mérito a Rui Borges, que terá dele, então, de fazer?

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Imaginemos (a ideia não é minha, é de um amigo doente pelo FC Porto), quando saiu João Pereira, que Frederico Varandas tinha ido buscar José Mourinho ao Fenerbahçe. E que este terminava campeão com o melhor ataque e a melhor defesa, garantindo 13 vitórias e 6 empates nos 19 jogos de Liga, ganhando ao Benfica logo no primeiro jogo? Seria erguida ao setubalense uma estátua no José Alvalade. Quando Rui Borges chegou, o Sporting tinha um ponto de atraso para o Benfica. Terminou a Liga com dois de avanço. E se tivesse sido o senhor José Mário dos Santos Mourinho Félix?

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