Até ao fim
#Minuto 92 é o espaço de opinião de Ricardo Gonçalves Cerqueira, sócio do FC Porto, jurista e gestor de empresas
Vamos ter campeonato até à derradeira jornada e ainda bem que assim é. A atribuição do título de campeão nacional, o acesso direto às competições europeias, a disputa pelo play-off de permanência e a descida à Liga 2. Sábado, a partir das 18 horas, jogam-se as 7 partidas decisivas onde tudo ficará devidamente clarificado dentro das quatro linhas. Uma competição disputada com muita emoção e alguma incerteza à mistura é um pressuposto fundamental para que o campeonato português seja apreciado, e seguido, dentro e fora de portas. A bem da competitividade entre contendores e da mais-valia financeira que isso pode representar no capítulo da sponsorização e das transmissões televisivas.
Quanto ao título de campeão, Benfica e Sporting desperdiçaram a oportunidade de resolver a contenda há uma semana, em pleno Estádio da Luz. Nenhuma das equipas teve a arte e o engenho, por receio e porventura desinspiração técnico-tática, de encerrar o assunto como tantos antecipavam. Num grande palco, diante de umas dezenas de milhares de espectadores, entre outros tantos a acompanhar através da televisão e com o Marquês lá no alto na expetativa de contemplar a festa. Assim não aconteceu e o que é facto é que estão ambos, Sporting e Benfica, à mercê de Vitória SC e SC Braga, respetivamente.
Veremos qual dos dois, se Rui Borges ou Bruno Lage, terá a capacidade e o discernimento técnico que se lhes exige para ultrapassar com sucesso a última barreira que os separa da consagração no centro de Lisboa. O Sporting parte com ligeira vantagem uma vez que depende unicamente de si, e de conseguir vencer o Vitória Sport Clube, em Alvalade. Nesse caso, o assunto fica arrumado com a conquista do bicampeonato e Rui Borges consegue um feito inédito na sua curtíssima carreira profissional que lhe conferirá outro estatuto enquanto treinador de futebol (e provavelmente mais um ano aos comandos da equipa do Sporting).
As contas de Benfica são um pouco mais complexas, uma vez que não está somente dependente de si e daquilo que consiga fazer frente ao SC Braga. A equipa de Bruno Lage, além de estar obrigada a vencer a equipa de Carlos Carvalhal, precisa também de acender uma vela no Bom Jesus na esperança de uma tarde desastrada dos de Alvalade. Isto depois de há uma semana ter tido a oportunidade de fechar o campeonato, em casa, diante dos seus adeptos. Teve o pássaro na mão, não foi capaz de o segurar e muito provavelmente assistirá da bancada à entrega do troféu de campeão ao vizinho da segunda circular.
A norte, a contabilidade de FC Porto é relativamente simples de fazer, com o terceiro lugar praticamente fechado e o acesso direto à fase de grupos da Liga Europa garantido. Martín Anselmi tem de vencer a equipa do Nacional, no estádio do Dragão, isto para terminar a Liga com uma vitória, categórica e convincente diante dos seus adeptos, como corolário de uma época desportiva que finda manifestamente aquém das expetativas. Venha o Mundial de Clubes e os necessários ajustamentos ao plantel principal, que, sobre esta rapaziada, estamos conversados!
SC Braga e Vitória ainda acalentam naturais aspirações a escalar na tabela classificativa. O SC Braga, num quadro substancialmente mais difícil, precisa de marcar 7 ou mais golos ao Benfica e esperar por um tropeção do FC Porto diante do Nacional, para ainda aspirar ao terceiro lugar. Neste cenário altamente improvável, tudo aponta para que os guerreiros do Minho mantenham a quarta posição e o acesso à pré-eliminatória da Liga Europa resolvido.
O Vitória precisa de, no mínimo, fazer o mesmo resultado do Santa Clara, ou seja, vencer em Alvalade, se os açorianos ganharem em Faro e empatar se os açorianos empatarem. Mesmo em caso de derrota pode conseguir o quinto lugar no caso de Santa Clara também perder com o Farense. Os açorianos não podem perder o jogo de Faro e têm sempre de fazer um resultado melhor do que o Vitória em Alvalade.
No fundo da tabela, onde quatro equipas podem ser despromovidas à Liga 2, ainda subsistem contas para acertar. O Boavista, último classificado, alimenta ainda uma réstia de esperança de se livrar da descida direta e seguir para a disputa do play-off. Na última jornada desloca-se a Arouca, sendo que tem vantagem no confronto direto com Aves SAD e Farense, as duas equipas que se encontram nas posições imediatamente acima, tendo vantagem no confronto direto a três. A equipa de Stuart Baxter consegue o 16.º lugar e a oportunidade de disputar o play-off se vencer o seu jogo e se Aves SAD e Farense saírem derrotados dos seus.
Esta sexta-feira, nos confrontos de subida à primeira Liga, Tondela, Alverca e Vizela vão terminar o campeonato nos três primeiros lugares. Os dois primeiros sobem diretamente, o 3.º terá de ultrapassar o play-off com o antepenúltimo do primeiro escalão para ser promovido. Separadas as 3 equipas por um ponto entre si, não pode haver empate a três no final. O Tondela, apesar de líder, tem desvantagem no confronto direto com Alverca e Vizela. O Alverca tem vantagem sobre o Vizela caso terminem empatados em pontos, o que determina que a equipa vizelense tenha imperativamente de ganhar para não cair no play-off.
Estão reunidos todos os condimentos para um sábado em cheio. Entre a euforia de uns e a desilusão de outros tantos, ficam a ganhar os milhares de sócios e adeptos que de norte a sul vivem apaixonadamente o desporto-rei.
Sinal mais: Vieirinha
Vieirinha, internacional português, campeão europeu em 2016, despede-se dos relvados aos 39 anos depois de uma carreira construída com sucesso essencialmente no Wolfsburgo da Alemanha e o PAOK da Grécia. Bravo!