O Sporting já ia para a última jornada com o título na mão, e não deixou fugir o tão aguardado bicampeonato, até porque o Benfica nem sequer conseguiu cumprir com a sua parte. Pior do que a incapacidade das águias para aproveitar a expulsão de Moutinho, numa altura em que o líder já ganhava, foi a postura apática do primeiro tempo, quando a circunstância pedia uma entrada arrebatadora em busca de um golo que atirasse pressão para Alvalade.O Benfica vacilou, uma vez mais, enquanto O Sporting confirmou a ideia de conjunto mais sólido. «Uma equipa que ganhou o campeonato com três treinadores. Só nós!», disse o capitão Morten Hjulmand, na madrugada de domingo, no palco montado para os campeões na Praça Marquês de Pombal. A frase, proferida em bom português, diz muito sobre a coesão de um plantel que ultrapassou a dolorosa saída de Ruben Amorim e uma solução interna que não resultou, João Pereira, para acabar a celebrar o bicampeonato com Rui Borges.Está visto que Frederico Varandas não acerta sempre, mas alguma coisa estará a fazer bem para conseguir ser campeão com três treinadores (e festejar o regresso da equipa B à Liga 2 em contexto idêntico). No próximo domingo pode, de resto, assumir o estatuto de presidente mais titulado da história do Sporting. Um dos maiores méritos de Varandas, se não o maior, foi ter percebido a importância de resistir tanto quanto possível às tentações do mercado, sobretudo no que a vendas diz respeito, de forma a conservar uma estrutura que dá estabilidade ao balneário, até quando é preciso mudar de treinador. Antes de Hjulmand e Gyokeres já havia Gonçalo Inácio, Nuno Santos, Bragança ou Pedro Gonçalves, por exemplo.O Sporting utilizou na Liga 34 jogadores, que em média têm 73 jogos de leão ao peito. No Benfica, que fez o campeonato com 35 jogadores utilizados, a média é de 61 jogos ao serviço do clube.É possível que o efeito das saídas de Amorim e Viana ainda se faça sentir, mas ninguém pode tirar ao presidente do Sporting o mérito de os ter escolhido. Reforçada por troféus, a estratégia de Varandas indica rumo aos adeptos, mas acima de tudo a quem está dentro da estrutura. Daí que Pedro Gonçalves, embebido na alegria da festa do bicampeonato, tenha ousado atirar o microfone ao chão para antecipar, na cara do próprio, um futuro sem Gyokeres.Vamos ver.