A oportunidade do Mundial de Clubes
#Minuto92 é o espaço de opinião quinzenal de Ricardo Gonçalves Cerqueira, sócio do FC Porto, jurista e gestor de empresas
São 32 das mais prestigiadas equipas do mundo com viagem marcada para os Estados Unidos a fim de, entre 15 de junho e 13 de julho, disputar a maior competição de futebol entre clubes à escala global. Uma decisão ambiciosa da FIFA que representa uma transformação significativa no contexto competitivo entre as diferentes geografias do futebol intercontinental e que vai permitir elevar o nível dos competidores, ao possibilitar que mais clubes de diferentes países possam competir entre si, reforçando o papel agregador e universalista do produto futebol.
A decisão de expansão do número de equipas participantes e a realização regular do torneio, a cada quatro anos, vem sublinhar o prestígio e a consistência da competição, tornando-a num acontecimento desportivo integrado nos calendários internacionais, sendo disputada em moldes em tudo semelhantes aos do Campeonato do Mundo de seleções.
A participação dos clubes portugueses acontece em razão do seu prestígio desportivo e histórico internacional, mas é também o resultado da pontuação que foi sendo acumulada nas competições europeias ao longo dos últimos anos. A FIFA definiu como critério objetivo de qualificação para esta competição o número de títulos conquistados nos respetivos torneios internacionais, aliado às classificações de desempenho específicas de cada equipa. No caso do continente europeu, no contexto da UEFA, as equipas qualificaram-se pelas vitórias alcançadas na Liga dos Campeões e em resultado dos coeficientes de pontos amealhados.
Fruto de campanhas europeias bem conseguidas na última década, década e meia, o FC Porto vê agora retribuída a boa performance com a designação de participante no maior torneio entre clubes realizado até à data.
As 32 equipas disputarão três jornadas na fase de grupos, enfrentando cada adversário uma vez. Os dois primeiros classificados de cada grupo avançam para os oitavos de final, iniciando-se a fase de eliminatórias.
No caso do FC Porto é o regresso a uma competição que já venceu por duas ocasiões, quando esta era apenas disputada num só jogo e dava pelo nome de Taça Intercontinental.
Face ao sorteio, é plausível crer que, tanto Benfica como FC Porto podem ultrapassar com sucesso a primeira fase de grupos. Integrado no Grupo C, o Benfica enfrentará o Bayern, o Boca Juniors e o Auckland City, sendo que o campeão alemão, liderado pelo avançado Harry Kane, é o favorito a vencer o grupo.
No Grupo A, o FC Porto defrontará o Palmeiras, de Abel Ferreira, o Al Ahly e o Inter Miami (de Lionel Messi).
O Palmeiras, sendo uma equipa bem organizada e muito consistente apresenta-se, no plano teórico, como o adversário direto para a classificação em primeiro lugar. Ainda assim, o FC Porto fazendo jus à larga experiência internacional reúne todos os argumentos para passar a primeira fase na liderança.
Entretanto, a FIFA divulgou os prémios que serão atribuídos aos contendores e, à luz da realidade portuguesa, podem ser considerados um verdadeiro euromilhões para as equipas nacionais, senão veja-se: o vencedor vai arrecadar qualquer coisa como 125 milhões de dólares, cerca de 115,7 milhões de euros.
No total, para todos os participantes há mil milhões de dólares a distribuir da seguinte forma:
— Fase de grupos (três jogos): 2 milhões de dólares por vitória (1,85 milhões de euros) e 1 milhão de dólares por empate (920 mil euros);
— Oitavos de final: 7,5 milhões de dólares (€6,9 M);
— Quartos de final: 13,125 milhões de dólares (€12,150 M);
— Meias-finais: 21 milhões de dólares (€19,4 M);
— Finalista: 30 milhões de dólares (€27,7 M);
— Vencedor: 40 milhões de dólares (€37 M).
Trata-se, sem margem de dúvida, do maior prémio alguma vez distribuído pelos participantes de um torneio de futebol.
Ainda assim, a introdução de mais uma competição, ainda que a realizar de 4 em 4 anos, tem suscitado um debate mais aprofundado sobre o impacto que o calendário futebolístico sobrecarregado tem na performance das equipas e sobretudo na saúde, mental e física dos atletas. Após uma época desportivamente muito desgastante, onde alguns jogadores somam perto de 65 ou mais jogos disputados, submetê-los a mais uma competição durante semanas, representa uma diminuição muito significativa do tempo útil de recuperação e, naturalmente, do respetivo período de férias. Poderá a competitividade da época desportiva de 2025/26, em particular nos diversos campeonatos realizados na europa, vir a pagar esta fatura? Veremos nos próximos meses.
Sinal mais: Nova Academia
A Câmara Municipal de Gaia e o FC Porto assinaram, nesta última quinta-feira, o protocolo de colaboração para a implementação da nova Academia, perto do atual centro de treinos do Olival. É mais um passo no caminho da capacitação e modernização das infraestruturas do clube.
Sinal menos: Federação Internacional de Judo
A Federação Internacional de Judo (FIJ) suspendeu a Federação Portuguesa por um período de um ano devido a uma dívida não saldada de 800 mil euros. Na decisão conhecida há dias, a comissão disciplinar da FIJ indica que a congénere portuguesa falhou os pagamentos nos prazos acordados apesar de ter sido alertada em múltiplas notificações remetidas desde 2022. Lamentável!