O título, a confiança, Ruben Amorim e melhor só na final da Champions, tudo o que disse Rui Borges

NACIONAL09.05.202514:37

O treinador do Sporting fez esta sexta-feira a antevisão do dérbi dos dérbis com o Benfica, que pode definir o campeão nacional

Entrou sorridente na sala de conferências de imprensa da Academia Cristiano Ronaldo em Alcochete e esteve sempre tranquilo e confiante. Nunca uma conferência de imprensa de Rui Borges no Sporting antecedeu jogo tão importante, um encontro que pode valer o título nacional. Ao Sporting o empate serve para entrar na última jornada em vantagem e a depender de si mesmo mas é na vitória que o treinador do Sporting aposta. No dérbi dos dérbis decide-se o campeonato, este sábado às 18 horas no Estádio da Luz. Eis tudo o que disse o técnico leonino esta sexta-feira no lançamento do encontro:

– É perigoso pensar que o empate é suficiente para o Sporting?

– Estamos onde queremos estar e onde este clube tem de estar: nas decisões. São dois resultados, é certo, mas concentramo-nos apenas no que podemos controlar. É claro que não fugimos à importância do jogo, pode dar o título nacional para ambas as equipas… mas focamo-nos no que podemos fazer para ganhar o jogo. O que vier depois é consequência disso mesmo. Por isso, olhamos para este encontro como olhámos para os outros.

– Depois do que aconteceu na vitória com o Gil Vicente, notou ansiedade na equipa durante a semana?

– São jogos diferentes. O Gil Vicente defendeu muito bem, uma estratégia mais defensiva. O que aconteceu foi mais termos sofrido um golo muito cedo e isso deixou-nos com alguma intranquilidade. Nesta fase final é natural que os jogos sejam decisivos... Mas a equipa foi capaz de acreditar até ao fim, mostrou capacidade e personalidade, tem sido fantástica. O grupo está como nas outras semanas mas sabe o que implica o jogo, que podemos ser campeões. Porém estamos focados no que podemos controlar, olhando para um adversário que também vai lutar e num ambiente difícil... Vejo a equipa motivada e com vontade enorme de entrar em jogo.

– E se não for campeão: pode ter o lugar em risco?

– Estou focado no jogo, isso nem é tema para mim. O caminho que queremos é o de sermos capazes de ultrapassar o adversário, vencermos e sermos bicampeões. O foco de todos é só esse.

O apoio de Ruben Amorim

– Que significado tem para si o facto de Ruben Amorim, depois de garantir a presença do Manchester United na final da Europe League, ter confessado que está a torcer para o Sporting ser campeão? E como lida com a herança pesada que ele deixou?

– Nem se trata de herança… é ir para o clube onde esteve um grande treinador, o Ruben, que eu admiro e muita gente admira também. Tive a oportunidade de mandar não para ele mas para o Carlos [Fernandes, adjunto do Manchester United] os parabéns por chegar à final. Está a torcer por nós, fico contente, e nós também estamos a torcer por eles. Sou admirador, ele conseguiu um trajeto, ir de baixo pra cima, pelo caráter, pela personalidade, pela competência… algo que vamos olhar com admiração. Mudou aqui talvez um bocadinho o paradigma do Sporting juntamente com o nosso presidente, é natural, tem a sua história e temos de respeitá-la e admirá-lo.

– Amorim disse também que se o Sporting for campeão o título é apenas de Rui Borges? Pensa assim ou acha que ele e João Pereira também têm as suas partes?

– O grande mérito será sempre da equipa técnica que cá está mas não tenho qualquer problema em dizer que o Ruben e o João também têm algo a festejar.

– Acha que o seu trajeto no Sporting tem sido subvalorizado?

– Estou feliz com o meu trajeto, sou muito frio e focado. O que possam dizer, positivo ou negativo, não mexe comigo. Sei qual foi o nosso trajeto, tudo o que passámos e não me preocupo com comparações, sou admirador do Ruben [Amorim], que fez um grande trabalho no Sporting. Mas ele é o passado… o presente sou eu e outro será o futuro. Foco-me apenas no meu trajeto e por isso o ruído passa-me ao lado. Respeito toda a gente, sei a educação que tive e temos feito um grande trabalho no Sporting: estivemos na final da Taça da Liga, estamos na final da Taça de Portugal e a discutir o campeonato, melhor só de estivéssemos na final da Champions.

3.º dérbi na época

– Admite jogar em contra-ataque para deixar o Benfica intranquilo? Que armas tem para poder vencer?

– Olhamos para as duas equipas e vemos que o Benfica tem vencido nos últimos jogos em contra-ataque, tem feito muitos golos em transições. Será um jogo diferente comparativamente ao do Gil Vicente, tudo vai mexer com o jogo, o ambiente, o termos grande apoio dos nossos adeptos... e eles têm-nos dado muito carinho e serão importantes, na saída da Academia também... Tudo vai mexer com o jogo: a ansiedade do jogador ou da equipa... não se consegue controlar. Vai ser perceber quem vai lidar melhor ou não com a pressão. Temos de estar bem organizados para anular os pontos fortes do Benfica da melhor forma e acredito que será um bom jogo, com duas grandes equipas e esperamos sair vencedores. É um jogo de futebol em que podemos ser campeões e focamo-nos na vitória. E o adversário é bom, tem muitos pontos em casa, melhor ataque e melhor defesa, sabemos disso tudo, mas acredito que do lado de lá também há respeito para com esta equipa. Que seja um bom jogo.

– Já disse que para os jogadores a semana tem sido tranquila. E para si?

– A minha semana foi normal. Se calhar para a minha família há mais ansiedade mas são os jogos que menos me stressam, estes jogos grandes, já vos tinha dito isso. Estou muito focado, sou otimista de nascença e confio muito.

– O empate tem sido palavra utilizada esta semana...

– Tem sido utilizada por vocês! Nós estamos focados só na vitória. Queremos ganhar, frente a uma boa equipa que também vai tentar ser campeã. É o jogo do século, como vocês têm dito, valoriza o nosso campeonato. Que seja um grande espetáculo e que o Sporting seja o vencedor.

– Vai ser o terceiro dérbi da época. Que diferenças há para os outros dois?

– São jogos diferentes. No primeiro, o Sporting tinha acabado de mudar de treinador, o outro foi numa final e eles foram felizes nos penáltis... Este jogo dita um possível campeão, tudo mexe… há ansiedade e há que perceber como cada um vai lidar com isso. Esta pressão é o que queremos: estar nas decisões. Ela existe sempre e temos de saber lidar com ela, tem sido comum às outras semanas. Eu estou supertranquilo.

– Marcar primeiro pode ser capital? E o fator casa terá peso?

– A diferença para o Sporting tem de ser a capacidade de resiliência do grupo, que sempre deu uma demonstração de ambição enorme e de coragem também para ultrapassar os contratempos. Temos de saber lidar com o ambiente do estádio e tudo o mais… a equipa que estiver concentrada durante mais tempo, mais rigorosa... qualquer momento de distração pode levar a que uma equipa se sobreponha à outra. Temos de estar concentrados, ser competentes, ser competitivos e aí, sim, ganhar o jogo. Temos de ser fortes em todos os momentos do jogo.

– É o momento mais importante da sua carreira?

– Acredito que sim, é um momento importante para o futuro do Sporting e do campeonato, é o maior objetivo de um treinador, de uma equipa, é a primeira vez que posso ser, é o momento mais importante da minha carreira, sim.

– E ser campeão no Estádio da Luz?

– Isso não mexe em nada. O momento é este, é o que é. Fosse com quem fosse seria sempre um jogo importante.

– Sente-se agora mais preparado para um dérbi destes do que quando defrontou o Benfica apenas três dias depois de ter chegado ao Sporting?

– A minha forma de ser e estar, a confiança, é exatamente a mesma. Podia ter dito ao presidente que queria entrar depois do Benfica e não fiz.

– Mas houve essa possibilidade?

– Não. Disse logo que queria. Na nossa equipa técnica a confiança é muita e o sentido de competência é o mesmo… desde o Mirandela! Os jogos são todos diferentes, há sentimentos diferentes e ansiedades diferentes, mas estamos preparados e a equipa está motivada e concentrada nas dificuldades do jogo.

– Está a preparar o jogo a pensar num Benfica com ou sem Di María?

– Também estaremos preparados para o individual. Os jogadores são trabalhados para isso, sabemos que é um jogador diferenciado, tem muita qualidade, mas olhamos mais para o coletivo do que para o individual.

– E Pedro Gonçalves vai ser titular?

– Qualquer um pode jogar, têm de estar todos preparados para jogar e para não jogar. O Pote é igual. Tem tentado crescer no aspeto físico, é um jogador importante por tudo o que dá à equipa, mas um jogo com o do Gil Vicente, com pouco espaço, é sempre difícil para ele, para o Trincão, para o Viktor [Gyokeres] Mas ele tem crescido a todos os níveis, está preparado para dar uma boa resposta amanhã, como todos os outros. Não vou dizer o onze.

– Que comentário lhe merecem os casos de vandalismo e violência que já aconteceram antes do dérbi?

– Olhamos sempre com tristeza. A paixão do jogo não pode ultrapassar os limites... A rivalidade é boa mas nunca em excesso. Tem de existir respeito sempre. Foquem-se mais no apoio, em passar carinho, estamos num momento decisivo… É agarrar essa energia que os adeptos têm passado para nós e fazer o nosso melhor.

OSZAR »