Argentino deixou uma última imagem muito boa do seu potencial e lançou as bases para uma luta mais acesa no meio-campo, mesmo vindo o espanhol do Al Ahli
«O melhor está para vir». Foi a frase de despedida da época do Tomás Pérez, um de dois reforços de inverno que chegou ao FC Porto pouco dias depois de Martín Anselmi assumir o comando da equipa, apesar de não ter sido um nome sugerido pelo treinador. O outro reforço de janeiro foi William Gomes. Nas redes sociais, depois de uma boa entrada frente ao Nacional, o jovem de 19 anos, contratado ao Newell's Old Boys e amarrado por respeitável cláusula de €60 milhões, postou uma série de fotos com a frase que mistura esperança e ambição: «O melhor está sempre por vir.»
Tomás Pérez teve papel importante na reviravolta azul e branca frente ao Moreirense. Qualidade de passe e capacidade nos duelos fizeram a diferença. Soma apenas 117 minutos de dragão ao peito
Um dos mistérios da passagem ainda curta que Tomás Pérez pelo FC Porto é que sempre que entrou trouxe critério e ordem ao futebol dos azuis e brancos. O mistério reside, justamente, na sua utilização intermitente, parcialmente explicada por Anselmi com a necessidade de ver certos jogadores «desabrocharem», dando-lhes tempo e espaço para se ambientarem ao país e a uma Liga diferente da Argentina. Pesa também o facto de ao lado de Alan Varela terem jogado alguns pesos-pesados do plantel, como Fábio Vieira e com menor regularidade no consulado de Anselmi, Eustáquio. O regresso de Fábio Vieira ao Arsenal depois do Mundial de Clubes – os londrinos querem vender o passe do criativo e vão esperar, até ao limite, por proposta – pode ser um fator que promova o futebol de Tomás Pérez, mesmo com a chegada iminente de Gabri Veiga, do Al Ahli. Pérez tem outras valências que lhe permitem jogar entre os centrais. De todo o modo será sempre uma unidade capaz de estimular a concorrência interna.
O médio fez a estreia pelo FC Porto contra a Roma (8’) e como titular atuou meia parte frente ao V. Guimarães, na Liga. Certinho como um relógio suíço, eficaz no passe e coerente a fazer fluir o jogo, teve aparições espaçadas no onze. O encontro com o Nacional, que encerrou a campanha na Liga, foi talvez aquele em que se percebeu que o médio de 19 anos tem a capacidade de ditar o andamento do meio-campo, caraterísticas que o valorizaram nos tempos do Newell's. «O Tomy [Tomás Pérez] sempre que teve de representar o FC Porto fê-lo de forma espetacular», reconheceu Martín Anselmi, que com o Mundial de Clubes e uma pré-época completa poderá enquadrar melhor o argentino no seu modelo, que pede, justamente, jogadores evoluídos e capazes de preencher vários espaços no relvado. Para a história ficaram os números do meio ano de Tomás Pérez em Portugal: 7 jogos, um deles a titular, e 157 minutos de utilização. Claramente o médio pede mais que isso, tanto na posição de líbero, mas também como médio, onde se sente mais confortável para mostrar o seu potencial...