E quando Ferguson quis ver Nani com uma perna partida? «Se fosse treinador hoje, seria preso!»
Patrice Evra revelou a história do «ambiente cruel em que os jogadores se maltratavam uns aos outros e não havia amigos»
Patrice Evra defendeu que o estilo de gestão rigoroso de Sir Alex Ferguson certamente lhe traria problemas com a lei hoje em dia. Com as histórias sobre a firmeza do escocês a não esmorecerem com o tempo, desde a intimidação de adversários e árbitros, o antigo defesa do Manchester United brincou com os métodos arcaicos, dizendo que poderiam ser considerados criminosos atualmente.
«Se Ferguson treinasse um clube agora, provavelmente acabaria na prisão. Não haveria hipótese de Ferguson não acabar na prisão pelo que fazia. Sabem quantos jogadores vi a chorar porque ele gritava com eles e lhes atirava o que lhe aparecia à mão?!», disse Patrice Evra no podcast SDS.
Disciplina rigorosa e exigente: eis a cultura que Ferguson levou para Old Trafford, que acordou um gigante adormecido, conduzindo-o a um dos períodos mais bem-sucedidos da história do futebol inglês. Ao longo dos seus 26 anos no Manchester United, Ferguson conquistou 38 troféus, incluindo 13 títulos da Premier League, cinco Taças de Inglaterra e duas UEFA Champions League.
O sucesso contínuo baseou-se em jogadores recém-chegados que aceitavam o ambiente implacável do balneário do United, que provou ser eficaz na conquista de troféus. Mas a transição foi mais difícil para alguns, que muitas vezes eram alvo não só de Fergie, mas também dos colegas mais experientes.
E é aqui que Nani, antigo internacional português, se junta à história. Em causa um jogo contra o rival Liverpool, em Anfield, em 2011, no qual Jamie Carragher escapou ao cartão vermelho por uma entrada horrível sobre Nani. O pontapé com os pitões abertos causou um corte profundo na canela de Nani e levou à sua substituição ao intervalo, sendo retirado de maca.
No entanto, depois de inicialmente defenderem Nani, confrontando Carragher, alguns dos seus colegas de equipa ficaram furiosos ao ver o português em lágrimas. Evra lembra-se de Paul Scholes ter dito 'que se lixe' e mais tarde também ouviu desabafo de Ferguson: 'Espero que tenhas partido a perna, porque um jogador do United não pode chorar em Anfield'.
«Éramos más pessoas. Quero pedir desculpa a todos os jovens que treinaram connosco. Éramos animais. Depois do jogo, esperávamos pelo dia seguinte para massacrar o Nani. Para vos dizer a verdade, éramos tão maus que não nos importávamos com o estado em que ele estava. Se sangrasses e chorasses, estavas acabado, não fazias parte da nossa equipa. O Ferguson teve de lhe dar uma semana de folga para se recuperar, porque estávamos à espera dele para o matar com as críticas, críticas cruéis. Mesmo agora, no grupo de WhatsApp do Manchester United, ainda colocamos aquela imagem do Nani a chorar em Anfield...», disse Evra.
Outro incidente famoso de Ferguson no balneário terá sido após a derrota do United com o Arsenal na quinta eliminatória da Taça de Inglaterra, em 2002/03. Houve uma discussão acesa com David Beckham antes de Ferguson, no famoso escândalo, pontapear uma chuteira na direção do ex-capitão da seleção inglesa, que sofreu golpe na sobrancelha.
Mas, como Evra recorda, a vontade de vencer de Ferguson não se limitava aos jogos oficiais. A sua fúria estendeu-se até ao então jovem Danny Welbeck, depois de este ter falhado um penálti num particular disputado na Arábia Saudita.
«O Wayne Rooney deu a bola ao Welbeck, mas ele falhou o penálti e perdemos o jogo, que era um amigável de 45 minutos. Quando entrámos no balneário, o Ferguson gritava furiosamente uma única palavra: 'Welbeeeeeek!' Nesse momento, o Danny estava na casa de banho a urinar, e o Fergie gritava: 'Quem pensas que és?! Estás a entrar na equipa principal e falhas um penálti? O que é isto?!' E eu disse-lhe: "Calma, chefe, é só um amigável...' E ele respondeu-me como nunca: 'Saiam daqui, tu e o amigável!'», contou.
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