Jovem defesa-central dotado de uma impressionante força física, protagonizou duelo memorável contra Gyokeres em Alvalade, do qual saiu vencedor. Sem conhecer a nossa Liga, Marvin arriscou e deu o salto para Portugal em 2023, tornando-se na transferência mais valiosa da história do Torreense. Francês com raízes camaronesas, não é o único talento da família: a sua irmã também brilha ao mais alto nível, representando o PSG. — Conte-nos os seus primeiros passos no futebol. — Comecei com seis anos num clube de Épinay-sur-Seine, perto de Paris. Depois, com 13 anos, fui para o Pôle Espoirs de Reims e aos 15 anos integrei o centro de formação do Estrasburgo. Em 2021 assinei o meu primeiro contrato profissional, mas como não tinha tempo de jogo no Estrasburgo fui cedido US Orléans. Depois apareceu Portugal! — Apareceu Portugal e o Torreense, da Liga 2. Imagino que não conhecia o clube? — Não conhecia, mas foi um desafio que meti na cabeça. Pensei em tentar jogar noutro lugar, ir para o estrangeiro, e surgiu a hipótese de Portugal. Disseram-me que ia correr bem e decidir aceitar, porque seria feliz, teria mais tempo de jogo e a possibilidade de valorizar-me, saltando mais tarde para a Liga principal portuguesa. Iam muitos jogadores jovens para o Torreense e isso captou o meu interesse. — Sabe que foi a transferência mais rentável da história do Torreense, cerca de 500 mil euros? — (risos) Sim, sei. É ótimo. Acabou por acontecer tudo muito rápido. Fiz uma época no Torreense e no ano seguinte assinava pelo Gil Vicente, foi rápido. Vim preparado para este salto. Tinha feito uma boa temporada na Liga2, com muitos jogos e boas atuações. — Menos rápida foi a sua consolidação no onze do Gil Vicente. Por que razão?— Há defesas centrais com muita experiência no plantel, portanto, tive de esperar um pouco para mostrar o meu valor e o que posso fazer a este nível. Correu bem.— Aparece em força no final da campanha e num jogo em Alvalade em que com Buatu consegue tirar Gyokeres da partida. Como foi esse jogo?— Foi magnífico. É um jogo que toda a gente sonha em jogar. Foi mesmo um prazer. O Gyokeres? Bom, o objetivo era mesmo esse, que ele não fizesse nada, que não nos colocasse em dificuldades e isso foi alcançado e não é nada fácil... Sou franco, Gyokeres é um jogador muito difícil de controlar. É um avançado de muito alto nível, é perigoso, rápido, forte fisicamente, obriga o defesa a estar todo o tempo concentrado — É curioso que nos três jogos do Gyokeres com o Gil Vicente, Taça incluída, ele não tenha feito um único golo. Como explica isso? — É verdade, esta época ele não foi perigoso para o Gil Vicente. Mas sou franco, é um jogador muito difícil de controlar. É um avançado de muito alto nível, é perigoso, rápido, forte fisicamente, obriga o defesa a estar todo o tempo concentrado. E é difícil jogar contra ele, mas este ano ficou frustrado com o Gil... — Então foram 90 minutos sempre a olhar para ele? — Sim, e estar concentrado nele, porque ao mais pequeno erro ele marca. O Sporting faz dois golos em dois erros forçados. Não foram golos de um rasgo individual nem sequer de um grande envolvimento coletivo em que Gyokeres tenha sido fundamental. Os duelos foram todos favoráveis à nossa defesa, pena como sofremos aqueles dois golos. — Notou -se algum nervosismo no Gyokeres, estava a sempre a falar com vocês... — Estava enervado. Se calhar, mais do que enervado, estava frustrado porque tem o hábito de marcar golos, de ser decisivo, e naquele jogo de tanta importância estava impotente, e isso é frustrante. De todo o modo, no final do jogo ficou tudo bem, mas não é fácil travar um jogador com tanta classe como ele tem. Irmã joga no PSG — O que pensa da Liga Portuguesa? Era um campeonato que conhecia? — Não, não conhecia. Mas fiquei espantado, acho que se joga bom futebol, temos duelos complicados, onde cada jogo é uma batalha e o nível é muito alto e é um jogo muito tático. — Nasceu em França, mas tem raízes camaronesas. Uma das seleções é um objetivo? — Por enquanto, não tive uma aproximação dos Camarões. Preocupo-me, sobretudo, com o que acontece no clube, concentro-me primeiro no meu desempenho. O clube está à frente da seleção. — O Marvin tem irmã que joga futebol ao mais alto nível, a Tara Elimbi Gilbert, do PSG... — Sim, ela é profissional, joga a lateral-esquerdo. Ela também está no futebol desde pequena. Começou um pouco mais tarde que eu, mas sempre gostou de futebol. Foi ao centro de formação do PSG e integrou a equipa profissional. Ela está na primeira temporada completa com a equipa profissional. Tínhamos um irmão que também jogava. Eu e a minha irmã seguimos esse caminho até chegarmos a profissionais. — A sua irmã nunca veio a Portugal para vê-lo jogar? — Infelizmente, não. Os jogos dela são no fim de semana, fica difícil ela ver. Talvez um dia se proporcione.