História A BOLA Bastidores do título: as palavras de Borges a Varandas e o que foi 'bloqueado' no balneário
Os momentos que marcaram a noite dos festejos no Marquês. Os mais e também os... menos visíveis que A BOLA passa a revelar. Rui Borges 'escondeu' dos jogadores incidências da partida entre o SC Braga e Benfica, as palavras ao ouvido do treinador ao presidente
A noite foi longa. Só terminou a altas horas da madrugada. Muitos não pregaram olho. E não era para menos. O Sporting quebrou um longo jejum de 71 anos sem a conquista de um bicampeonato e o coração de Lisboa, no Marquês de Pombal, pintou-se de verde e branco para ser palco principal de todos os festejos, todos os momentos de euforia, de plena alegria, felicidade, esperança e, claro, habituais excessos justificados pelo descarregar de emoções de uma época com muitos altos e baixos.
Milhares e milhares de adeptos aguentaram firmes, mais de cinco horas em pé, pela chegada dos heróis de Alvalade, que foram percorrendo, as principais ruas da capital, perante banho de multidão que procurou seguir o autocarro onde seguiam todos os jogadores que fizeram parte desta caminhada vitoriosa. Uma equipa campeã em toda a linha: mais pontos (82), mais vitórias (25), menos derrotas (2), melhor ataque (88) e defesa mais sólida (27). Que liderou 30 das 34.ª jornadas da Liga e só a perdeu em três ocasiões (para a recuperar na ronda seguinte).
Depois da festa em Alvalade, assim que os leões venceram o V. Guimarães (2-0), o palco onde se juntaram todos os familiares e onde foi coroado o bicampeão, era altura de exibir o desejado troféu aos adeptos. Já passavam das 2 da madrugada. Após um espetáculo de luzes, cor e música, que foi animando os presentes, todos esperavam ouvir mensagens (reveladoras e animadas) dos protagonistas. E quem esperou não saiu... frustrado. Pelos inúmeros momentos de pura animação, união e humor.
HJULMAND EM BOM PORTUGUÊS
Entre os mais animados estiveram Pedro Gonçalves, Daniel Bragança, Matheus Reis, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio e Nuno Santos. Curiosamente os mais habituados a títulos, pois são os únicos (juntamente com Essugo, que não está com o plantel) que se sagraram tricampeões pelo Sporting neste reinado de Frederico Varandas. Os mais dançarinos (St. Juste, Debast e Israel), os mais efusivos e expressivos (Gyokeres e Harder) e um verdadeiro bloco de gelo: Hjulmand. Capitão, líder, que entrando na festa procurou sempre dar menos nas vistas. Mas até foi um dos primeiros a agarrar no microfone para se dirigir aos adeptos.
«Em português? Vou falar tranquilo... Esta foi uma equipa que ganhou um campeonato com três treinadores. Só nós, só nós! Eu tenho 25 anos. O Sporting não era bicampeão há 71. Bicampeões!», gritou, antes de iniciar o cântico 'Eu quero o Sporting campeão'.
«FESTEJAR PARA A TABERNA»
Pedro Gonçalves, por sua vez, era o mestre de cerimónias. Quem animava tudo e todos. Sempre com humor e algumas indiretas para os críticos. Nem sequer deixou terminar as curtas palavras de Rui Borges. «Obrigado é pouco para vos agradecer por tudo o que fizeram por este grupo, fizeram-nos acreditar. Foram as pessoas mais importantes», começou por dizer, sendo prontamente interrompido por Pote, que fez soltar muitas gargalhadas. « O c****** do campeão da tasca!», atirou, com o treinador, logo a seguir, a deixar-se levar. «Obrigado, obrigado, obrigado! Agora vamos todos para a taberna festejar! Bicampeões! Bicampeões!»
POTE A IMITAR... RUBEN AMORIM
Um dos momentos altos da noite pertenceu a Pedro Gonçalves, claro está. Quando o avançado, muito humorado, replicou o célebre mic drop de Ruben Amorim na festa do ano passado.
«Só quero dizer uma coisa. Disseram que jamais seríamos bicampeões sem adeptos. Disseram que jamais seríamos bicampeões sem o Amorim. Disseram que jamais seríamos campeões sem o Hugo Viana. Dizem que jamais seremos tricampeões sem o Viktor [Gyokeres]. E agora o que vos quero dizer? Vamos ver...», disse, largando o microfone no palco.
Um gesto a fazer lembrar o agora treinador do Man. United e que levou os milhares de adeptos à loucura. E, de resto, olhando para os muitos comentários feitos pelos jogadores ao longo do percurso, esse sonho do tricampeonato começa a ganhar contornos. Mas antes, convém lembrar, todos os olhos estão colocados na final da Taça de Portugal, no próximo domingo, às 17h15, diante do Benfica e que pode valer uma dobradinha que escapa desde 2001/2002.
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RECEÇÃO HOJE NA CÂMARA
A festa terminou tarde e a preparação para o jogo do Jamor só arranca na quarta-feira. A hora é para celebrar pelo menos durante o dia de hoje, com a comitiva a ser recebida na Câmara Municipal de Lisboa. Um encontro com Carlos Moedas, autarca lisboeta, marcado para as 18 horas e no qual os jogadores voltarão, por certo, a receber muitas manifestações de carinho e apoio dos adeptos.
A operação Taça de Portugal, essa, está marcada apenas para as 10h30 de quarta-feira, na Academia Cristiano Ronaldo. Na tranquilidade, longe dos olhares dos adeptos e com o foco apontado ao Benfica, que, convém lembrar, foi o grande adversário dos leões na presente temporada. Mas Rui Borges está preparado para manter a invencibilidade em Portugal...
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A MENSAGEM DE RUI BORGES A VARANDAS
A união e cumplicidade entre o plantel foi um dos pontos enaltecidos por Rui Borges ao longo da temporada. Essa comunhão de interesses ficou bem visível nos festejos no Marquês, porém, houve alguns momentos simbólicos. Desde os festejos entre Rui Borges e Harder, após um momento polémico no início de abril, no qual o treinador teceu algumas críticas ao avançado mas que mais tarde haveria de reconhecer o erro pelas palavras que utilizou, o respeito e união entre todo o plantel com o seu capitão, Hjulmand, as brincadeiras com Gyokeres e Esgaio, com o sueco sempre em grande plano, mas um dos abraços mais simbólicos ocorreu entre treinador e presidente: Rui Borges e Frederico Varandas.
Dois dos rostos importantes neste trajeto leonino, uma ligação que, convém lembrar, foi estendida com a conquista deste título até 2027. De resto, durante as comemorações, sabe A BOLA, Rui Borges aproveitou a ocasião para agradecer a confiança em si depositada num momento fulcral da época. «Muito obrigado pelo voto de confiança», disse o técnico ao líder máximo leonino.
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RUI BORGES BLINDOU PLANTEL AO... BENFICA
As emoções da última jornada da Liga estiveram quase todas centradas em Alvalade. Os leões só dependiam deles para o bicampeonato, porém, nunca deixaram de acompanhar todas as incidências em Braga, pois um deslize do Benfica poderia 'facilitar' a tarefa diante do V. Guimarães, pois só tinham de igualar o resultado das águias. Certo é que ao intervalo da partida, com os leões a não saírem do nulo com os minhotos, o Benfica já perdia por 0-1.
Apesar da margem de conforto, Rui Borges nesse período de descanso, sabe A BOLA, procurou nunca dar informações aos jogadores sobre o que ia acontecendo em Braga. O Benfica nunca foi tema, a mensagem passou sempre pelo V. Guimarães, ainda que nem todos tivessem sido 'blindados' sobre o resultado do rival...